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Caldeiras: funcionamento a todo vapor requer cuidados

No mês em que é celebrado o Abril Verde, voltado à conscientização da importância da segurança do trabalhador, o conselheiro e coordenador da Câmara de Engenharia Mecânica e Metalúrgica do Crea-PR, Engenheiro Mecânico e de Segurança do Trabalho Douglas Moeller Diener, reforça os cuidados com a aquisição, instalação, inspeção e manutenção de caldeiras. A falta destes cuidados e a operação incorreta podem resultar em acidentes de trabalho e até em mortes.

Segundo ele, todas as caldeiras ou geradores de vapor, que somam mais de centenas no Estado, – utilizados na sua grande maioria em indústrias, hospitais, hotéis, lavanderias – devem ser instalados de acordo com a NR-13 (Norma Regulamentadora 13). Na fase de aquisição, a dica é comprar de empresas conhecidas no mercado, com bom histórico de fabricação, assistência técnica e pós-venda. Além disso, a empresa e seu responsável técnico precisam ter registro junto ao Crea.  Os cuidados ainda devem estar voltados para as manutenções, calibrações dos instrumentos de segurança, inspeções periódicas, tratamento de água, combustível de boa qualidade, entre outros itens.

A inexistência destes cuidados pode resultar em riscos graves e até fatais, como a explosão do equipamento que, além de danificar as estruturas prediais, pode resultar em óbitos. “Danos provocados pela explosão de uma caldeira serão muito mais agressivos que uma explosão de um reservatório contendo ar, por exemplo, de mesmo volume e mesma pressão. Isso ocorre porque na explosão de uma caldeira grande, parte da energia será liberada na forma de calor, provocando o aquecimento do ambiente”, alerta o Engenheiro Mecânico Roberson Roberto Parizotto, inspetor do Crea-PR.

No Estado, conforme Diener, não existem estatísticas sobre acidentes com caldeiras. “Creio que a maioria dos acidentes ocorre pela falta de manutenção ou pelo fato de ser feita de forma precária – com a preferência da manutenção corretiva ao invés da preventiva -, pelo tratamento de água de alimentação deficiente, pela ausência de inspeção e de calibragem dos instrumentos”, comenta, ao afirmar que muitos operadores de caldeiras não são devidamente qualificados. “Alguns cursos não atendem integralmente à NR-13, que exige que os alunos tenham uma parte teórica e um estágio obrigatório. Existem ainda cursos oferecidos na modalidade a distância, o que é vedado pela norma. Infelizmente, as empresas que contratam estes profissionais não conferem ou não têm conhecimento da legislação”, reforça.

São indicados como profissionais aptos para o projeto de instalação, inspeção e manutenção de caldeiras os Engenheiros Mecânico, Naval ou Industrial/Mecânico. Com relação à fiscalização, cabe ao Crea-PR a função de verificar se o serviço tem um profissional habilitado e se a ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) foi emitida.

Na região Oeste do Paraná, existem cerca de 200 caldeiras e o setor do agronegócio é um dos que mais utilizam caldeiras a vapor. Segundo o gerente do Crea-PR da regional Cascavel, Geraldo Canci, as maiores irregularidades encontradas nas fiscalizações das caldeiras na região Oeste estão relacionadas à documentação.

Em 2019, o Conselho gerou 14 relatórios de fiscalização na região sendo que oito caldeiras estavam irregulares devido à falta de responsável técnico ou de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART). “A inspeção das caldeiras ocorre quando é verificado que o registro venceu e não houve um novo pedido de ART”, explica.

Comercialização de usadas

Em alguns sites é possível encontrar caldeiras usadas à venda, o que não é proibido, conforme o Engenheiro Douglas explica. No entanto, as reformas devem ser feitas por empresas legalmente constituídas para este fim, com registro no Crea e com registro do responsável técnico da empresa, além do fornecimento da ART e das demais documentações exigidas pela NR-13. “O equipamento usado ou reformado deve estar acompanhado do livro de registro e dos relatórios das últimas inspeções”, acrescenta. “A sugestão é que, antes de efetuar a compra de uma caldeira usada ou reformada, o interessado contrate um profissional habilitado para avaliar o seu estado de conservação, seu operacional, a determinação da Pressão Máxima de Trabalho Admissível (PMTA) e a vida remanescente do produto, entre outros itens”, diz.

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O que um Engenheiro Mecânico tem a ver com abate de carnes?

Que a refrigeração é essencial para a segurança alimentar todo mundo sabe. Seja em casa ou em estabelecimentos comerciais, industriais e de serviços, a técnica garante o frescor e preserva alimentos e bebidas assegurando a saúde da população. Associações que representam os principais tipos de estabelecimentos que utilizam regularmente equipamentos e sistemas de refrigeração comercial indicam mais de 1,2 milhão de empresas do varejo e de serviços no Brasil. A maior parte conta com mais de um equipamento refrigerador em suas dependências, alguns possuem dezenas deles.

O Brasil possui mais de 1 milhão de restaurantes e lanchonetes; 89 mil supermercados; 63.200 padarias; mais de 50 mil açougues; cerca de 10 mil hotéis; aproximadamente 8 mil empresas de sorvetes (fábricas e sorveterias) e mais de 6,8 mil hospitais, isso sem falar das indústrias. Por isso manter o bom funcionamento desses equipamentos de refrigeração é fundamental para a segurança alimentar. Para isso é necessária a manutenção preventiva e corretiva dos equipamentos, especialmente em estabelecimentos comerciais, afinal, refrigerador parado é sinônimo de prejuízo, além de que eles pode causar acidentes.

“Esses equipamentos, se não bem inspecionados, podem oferecer riscos a vida e à integridade física de seus operadores e para comunidade. Por isso a importância do trabalho do Engenheiro Mecânico na sua manutenção”, alerta Idivair Julião Vaz, Engenheiro Mecânico que há 24 anos trabalha num grande frigorífico na região oeste do Paraná que abate, diariamente, 6,9 mil unidades de suínos e produz 750 toneladas de carne.

Nas indústrias, o Engenheiro Mecânico tem uma função muito importante nos processos de industrialização de abate e cortes de carne. Para isso, as empresas usam insumos como água, vapor, refrigeração e ar comprimido em grande escala. “Para manter estes processos em bom funcionamento é muito importante pessoas com conhecimento. E Engenheiros Mecânicos capacitados para fazer as devidas intervenções nos equipamentos da área de utilidades para o bom funcionamento do parque fabril. Só o nosso sistema de refrigeração é responsável por algo em torno de 60% do consumo de energia”, explica Vaz.

Para o Engenheiro Mecânico Roberson Roberto Parizotto, na indústria ou no comércio o profissional que atua com sistemas de refrigeração necessita de conhecimento sobre hidráulica, pneumática, resistência dos materiais, refrigeração, geração de vapor, lubrificação, elementos de máquina, gestão de pessoas e recursos financeiros. “Além disso ele deve saber trabalhar em equipe, buscar sempre novas tecnologias e estar atento às mudanças para não ser pego de surpresa”, observa Parizotto.

Nas plantas industriais são grandes os desafios para a Engenharia de manutenção. “Conseguir manter esta conectividade entre chão de fábrica e o mundo lá fora, na indústria 4.0, vai depender de profissionais cada vez mais preparados, afinal, manter estes sistemas funcionando de forma adequada será vital para o sucesso da empresa”, conclui Vaz.